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Prix Photo Aliança Francesa

08 outubro 2021 Cultura
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O Prix Photo Aliança Francesa é um concurso nacional de fotografia aberto a todas e todos, profissionais e amadores. Através de temas da atualidade, um eco das grandes questões de nosso tempo, desejamos valorizar propostas artísticas originais, experimentais, sejam abstratas ou documentais, e que ofereçam um olhar diferenciado.

“Estamos assistindo à reafirmação das fronteiras, que nunca chegaram a desparecer”, Michel Foucher, geógrafo e diplomata francês.

O tema selecionado para a 9ª edição são as fronteiras. A França possui sua maior fronteira terrestre justamente com o Brasil. Trata-se, aqui, da fronteira na sua acepção mais tradicional, como limite, marco ou linha divisória entre dois países. Uma linha, a princípio, invisível, resultado de tratados internacionais, que, no entanto, vem ganhando materialidade em certas regiões do mundo, como o ilustra o polêmico muro erguido entre o México e os Estados Unidos. A fronteira pode ser percebida, igualmente, como ponto de contato, de trocas ou, até mesmo, de fusão com o outro, com o que é diferente, com a alteridade. Em sentido mais amplo, a fronteira pode, também, remeter à ideia de descoberta, de exploração e de inovação. No campo das artes, a fronteira pode ser compreendida como o tênue limite entre técnicas e olhares: preto e branco/cor, analógico/digital, ficção/realidade,... A proposta do concurso consiste, justamente, em debruçar-se sobre esse conceito que admite múltiplas acepções, perspectivas e traduções imagéticas.

1º lugar do júri oficial
Osmar Gonçalves dos Reis Filho | Fortaleza, CE

A SOBREVIVÊNCIA DOS VAGALUMES

Esta série surge de uma questão primordial: afinal, quais são os limites e as fronteiras dentro da cidade? Para quem ela vem sendo pensada e construída hoje? Desde 2014, tenho viajado por diversas cidades da América Latina fotografando as ruas à noite e, em cada uma delas, me surpreendo com o grande número de ambulantes povoando as praças, ocupando as calçadas, disputando cada centímetro vago nas esquinas. Envoltos na penumbra, eles emergem como vagalumes, como pequenos seres luminescentes, erráticos que, por meio de seus gestos nômades, afirmam outros modos de compreensão da cidade, outras formas de viver e praticar o espaço urbano. É que diante dos projetos de urbanização atuais, marcados pela gentrificação, pela assepsia e espetacularização dos espaços, os ambulantes surgem como forças de resistência, como pequenas insurgências a nos oferecer um tipo de experiência desviante – experiências que desorganizam as fronteiras, que subvertem as linhas demarcatórias do espaço urbano, reafirmando usos mais lentos e coletivos da cidade.

 

 

2º lugar do júri oficial
Kitty Paranaguá | Rio de janeiro, RJ

Tempo Presente

“Em meu princípio está meu fim. Umas após outras As casas se levantam e tombam, desmoronam, são ampliadas, Removidas, destruídas, restauradas, ou em seu lugar Irrompe um campo aberto, uma usina ou um atalho. Velhas pedras para novas construções, velhas madeiras para novas chamas, Velhas chamas em cinzas convertidas, e cinzas sobre a terra semeadas, Terra agora feita carne, pele e fezes, Ossos de homens e bestas, trigais e folhas.” (Quatro Quartetos. T.S.Elliot. East Coker) O derretimento do gelo e aquecimento das águas são causados principalmente pelo efeito estufa. Cada vez mais sentimos o resultado deste efeito; a fúria da natureza que anda com suas garras afiadas, dragando as cidades, os rios, as margens. O material resultante criou uma metáfora com a realidade que vivemos hoje: uma época onde as fronteiras são cada vez mais tênues. O lugar é a cidade de Atafona, distrito do município de São João da Barra, Região Norte Fluminense no delta do Paraíba do Sul. O foco do projeto Tempo Presente é o embate homem, arquitetura, fronteira, natureza e todo o drama e a poesia que envolve esta luta.

Menção honrosa
Luiz Baltar | Rio de Janeiro, RJ

FAVELICIDADE

Meu trabalho gira em torno da construção paisagens, sociais e políticas, utilizando como material memórias pessoais e coletivas que venho reunindo, desde 2009, em documentação sobre direito à cidade e as fronteiras invisíveis de uma cidade partida. Há anos fotografo o cotidiano das favelas e as transformações urbanas na cidade do Rio de Janeiro, projeto dos governos municipais e estaduais que pretendiam transformar a cidade para os megaeventos, principalmente Copa do Mundo e jogos olímpicos. Nesse processo tive contato com os movimentos de resistência contra as remoções forçadas e as lutas pelo direito à moradia. Acompanhei também as ocupações militares das favelas para implantação das UPPs e como elas impactavam a vida dos moradores. Venho desde então construindo o FAVELICIDADE um projeto de documentação que apresenta o resultado desse trabalho sobre direito à cidade e às relações Favela x Cidade. Inspirado no livro MALDICIDADE do fotógrafo Miguel Rio Branco, FAVELICIDADE pretende diversificar a produção imagética sobre as favelas, até hoje dominada por uma representação que estigmatiza e discrimina esses territórios populares e seus moradores. FAVELICIDADE e é a narrativa visual de um território marcado por tensões sociais que só cresceram nos últimos 10 anos: ocupações militares, remoções forçadas, protestos e uma guerra continuada ao tráfico que produziu números alarmantes de homicídios e revolta. Esse ensaio traz o registro do dia-a-dia dessas comunidades, fala de um lugar que precisa ser visto como parte importante da cidade, lugar de resistência e superação que influenciam a cultura urbana e a própria cidade. Procura desconstruir uma história única feita de narrativas que marcaram as favelas e seus moradores, colocando-os no lugar do “outro”, do estranho, do ameaçador.

 

 




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